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OURO PRETO WORLD

Por algum tempo, em razão de dificuldades técnicas e desvio do autor para outras atividades, o site OURO PRETO WORLD ficou desatualizado, chegando a perder muito conteúdo por falta de  manutenção, quebra de links, etc. Contudo, em momento algum se pensou na desativação do site, lançado em julho de 2001, o primeiro a ter como foco o município de Ouro Preto, antes mesmo dos órgãos oficiais. Superadas as dificuldades técnicas, eis o site OURO PRETO WORLD novamente em condições de se refazer, de se atualizar e de se expandir. Mas, tudo será feito gradativamente, mesmo porque o autor trabalha sozinho e continua a dividir seu tempo em atividades diversas. As páginas, não dependentes de atualizações, serão mantidas como são, para não se perder o estilo original, simples e despretensioso. As novas páginas e seções, a serem criadas, obedecerão a novos critérios de configuração, valendo-se dos recursos da nova plataforma de construção, mais moderna e dinâmica.

 

OURO PRETO

 

Surgida de forma espontânea, na transição de séculos (XVII/XVIII), por força da mineração do ouro, a cidade teve VILA RICA como seu primeiro nome, a partir de 1711. Seus primeiros habitantes foram bandeirantes paulistas, oriundos de Taubaté, que a esta região chegaram em busca do ouro, cujas primeiras amostras teriam sido obtidas com um aventureiro pioneiro.

Esse pioneiro teria colhido no riacho Tripui algumas pedrinhas pretas, levando-as consigo ao regressar à sua origem. Quebradas as pedrinhas, estas revelaram seu interior como puro ouro; ouro revestido por uma crosta negra. Foi isso que motivou a vinda da bandeira do Antônio Dias. Felizmente o descobridor das pedrinhas teve o cuidado de observar uma boa referência geográfica, o pico do Itacolomi, o que possibilitou aos bandeirantes identificação da região.

Mas a identificação não se deu tão fácil, devido ao clima e muita nebulosidade. Os bandeirantes já estariam na área, havia bom tempo, segundo vários indícios fornecidos pelo aventureiro, mas faltava a confirmação. Numa determinada manhã, eventualmente bem ensolarada, os homens daquela expedição depararam com o Itacolomi, bem à sua frente, porém noutra cadeia de montanhas, da qual estavam separados por extenso e profundo vale.

Deu-se ao monte, onde estavam, o nome de Morro São João, o santo do dia, conforme costume de nominar seus feitos e descobertas. A partir de então, confirmada a ocorrência do ouro, teve início o grande afluxo de garimpeiros, aventureiros e todo tipo de gente, que se deixa seduzir por tais descobertas, cada qual a almejar para si um futuro milionário. O fato é que, no início, foi algo como a Serra Pelada, do século XX, no norte do Brasil. Imagine-se isso, no início do século XVIII, pouco governo ou nenhum e as atividade mineradoras lideradas por pessoas rudes e inescrupulosas.

Guerra dos Emboabas

Ainda não era a cidade, mas alguns povoados ou arraiais mineradores. A história popular conta, por exemplo que, às vezes, um arraial não sabia da existência de outro. Segundo esse fator, um dos arraiais, o do Antônio Dias, não sabia da existência de seu semelhante, no outro lado do Morro Santa Quitéria (cujo cume é, hoje, a Praça Tiradentes). Soube-se de sua existência graças ao espocar de fogos, talvez uma festa religiosa, no arraial do Pilar. Havia ainda o arraial do Padre Faria e o Morro São João, o ponto inicial da colonização local.

A atividade mineradora e outras, que giram ao seu redor, se desenvolveram sem peias nem meias, longe do governador da capitania, em São Paulo e, mais longe ainda, do rei de Portugal. Mas, justamente isso parece ter assanhado a cobiça de terceiros, bem organizados, bem armados e propósitos definidos. Sob a liderança de Manuel Nunes Viana, grupo de aventureiros, maioria portugueses, tendo participação de pernambucanos e de baianos,  entendeu de tomar e ocupar pela força as comunidades surgidas em torno do ouro descoberto.

Nunes Viana, ex-empregado de rico comerciante, na Bahia, já explorava, de forma hegemônica e extorsiva, o fornecimento de gêneros alimentícios, sobretudo carne, às minas. Como pagamento recebia em ouro. Essas atividades ele exercia, a princípio em Caeté, até que Borba Gato passou a coibir-lhe as atividades traiçoeiras.

Foi então que ele e seu bando se deslocou para esta região com o propósito de, não só fazer comércio, mas governar as minas, até então sem uma autoridade formal. Houve lutas encarniçadas e muita gente morreu, especialmente em Cachoeira do Campo onde, após a derrota impostas aos paulistas, a então ermida  de Nossa Senhora de Nazaré, coberta de sapé, teve sua porta arrombada e invadida por Frei Francisco de Menezes, o segundo na linha de comando dos emboabas.

Ali o frei celebrou missa  e sagrou “governador das minas” a Manoel Nunes Viana, enquanto fugia e se escondia no mato, o padre Amador Rodrigues, titular da igrejinha. Paulistas derrotados, Nunes Viana  e seu bando imaginaram-se donos da situação. Foi aí que entrou Portugal para pôr ordem na casa.

Consequências da Guerra dos Emboabas

Os emboabas ganharam, mas não levaram, porque o governo português interveio e ordenou sua retirada, devolvendo, assim a preferência da exploração às mãos dos paulistas, os verdadeiros desbravadores da região. Entretanto, consequência maior foi a presença oficial do colonizador, a partir de então. Foi então criada a capitania de São Paulo e Minas do Ouro; a recém surgida Vila de Nossa Senhora do Carmo, futura Mariana, foi elevada ao status de capital das Minas, primeira capital.

Vizinhos à primeira capital, entre conglomerados humanos destacavam-se os arraiais do Ouro Podre (Morro São João), do Padre Faria, do Antônio Dias e do Ouro Preto (Pilar). Em 1711, Portugal reuniu-se para formar Vila Rica, futura cidade de Ouro Preto. Foi também, a partir de então, que a cobrança do quinto do ouro chegou à minas de ouro. Em Cachoeira do Campo, ainda povoado sob a denominação de Nossa Senhora de Nazaré dos Campos de Minas, por ocasião da Guerra dos Emboabas, deduz-se que houve, pelo menos, uma consequência mediante a criação da paróquia de missão, ou curato, Nossa Senhora de Nazaré. Como isso se deu ao fim do conflito, deduz-se que sua criação foi compensação à grave ofensa sofrida pela população local com o arrombamento da igreja e desrespeito à autoridade do padre Amador Rodrigues, para que ali fosse sagrado Manuel Nunes Viana como “governador” .

Localidades surgidas em volta de Vila Rica

Ao mesmo tempo que surgia Vila Rica, por força da mineração do ouro, outras localidades surgiam à sua volta. Muita gente vinha em busca do ouro, mas nem todos tinham muita afinidade com as atividades do ramo, um trabalho pesado, às vezes inglório, pois como em qualquer atividade humana, o sucesso não era igual para todos. Mas, o garimpeiro precisa comer e ouro nunca foi alimento, senão da cobiça!. Foi dessa necessidade que se valeram os que também tinha ligação com a terra, porém no campo vegetal, plantando e colhendo o necessário à vida.

Em Vila Rica, o solo rico em ouro não se prestava à produção de alimentos, mas nas cercanias, ao contrário, podia não haver ouro, mas a terra era generosa na produção de quasse tudo destinado à mesa. O guia natural dos bandeirantes até estas paragens foi o Rio das Velhas. Por isso, as primeiras localidades, nas proximidades de Vila Rica, surgiram às margens ou nas proximidades do Rio das Velhas. Historiadores dizem que as primeiras localidades surgiram por força da fome, que grassou nos arraiais em torno das minas de ouro, logo no início. Mas isso é menosprezar  a inteligência dos bandeirantes, que eram bastante organizados e tinham uma estratégia interessante,, para reposição de víveres, sobretudo para a viagem de volta. Ao longo do percurso, durante a inóspita viagem, a expedição ia deixando, de pontos em pontos mais aprazíveis, grupos de pessoas ligadas ao cultivo da terra.

Dessa forma, no caso de retorno ao ponto de partida, encontravam de pontos de parada, para descanso e reabastecimento. Por ocasião da fome, o que deve ter havido foi uma corrida aos alimentos nesses locais Logo é possível que, ao chegar ao Morro São João e ali edificar a primeira morada, já tivesse acontecido o mesmo em São Bartolomeu, Glaura (Casa Branca), Cachoeira do Campo (Nossa Senhora de Nazaré dos Campos de Minas) e Amarantina (Tijuco ou São Gonçalo do Tijuco), certamente as primeiras comunidades estabelecidas, longe daquele centro minerador e com propósitos bem diversos. Percebe-se que das primeiras localidades, São Bartolomeu é a única que conserva o nome original. À mesma época, distantes das margens do Rio das Velhas, surgiram também Santa Rita de Ouro Preto (Santa Rita de Cássia) e Antônio Pereira.

A construção da Estrada de Ferro D. Pedro II, rebatizada mais tarde como Estrada Férrea Central do Brasil, na penúltima década do século XIX, estabeleceu uma de suas estações na localidade de José Correa. Na inauguração da ferrovia, a localidade José Correa passou a se chamar Rodrigo Silva, em homenagem ao ministro imperial, Rodrigo Augusto da Silva. Até o final da monarquia, 1889, a área da freguesia de Cachoeira do Campo abrangia o que são hoje os distritos de Santo Antônio do Leite, de Engenheiro Correa e Miguel Burnier. Na República foram então criados os citados distritos. Santo Antônio do Leite, a princípio, foi chamado simplesmente, Leite, em razão da forte atividade pecuária e ´produção de leite; Engenheiro Corrêa teve como origem a Estação Ferroviária do Sardinha, mais tarde rebatizada Como Engenheiro Corrêa, em homenagem ao engenheiro residente da ferrovia, Manoel Francisco Corrêa Júnior, morto em acidente nas proximidades. À localidade, que surgiu em volta, estendeu-se o nome.

Miguel Burnier teve origem no local chamado, até então, Região do Rodeio, quando foi inaugurada ali a estação ferroviária, à qual se deu o nome do engenheiro Miguel Noel Nascente Burnier. A partir de 1893, quando o comendador Carlos Wigg implantou, ali, um alto-forno para produção de ferro, edificou-se em volta a localidade à qual se deu o nome de São Julião, o padroeiro local. Ao mesmo tempo, estava em construção a nova capital de Minas, que viria a ser Belo Horizonte. Foi aí que mais uma vez, a oportunidade sorriu para a nascente localidade de São Julião. Para se ligar a nova capital do estado ao Rio de Janeiro, capital da República, construiu-se, a partir dali, um ramal ferroviário para Belo Horizonte.

Com uma indústria metalúrgica em franco crescimento e uma movimentada  estação ferroviária a ligar Ouro Preto (antiga capital do estado), Belo Horizonte (nova capital de Minas) e Rio de Janeiro (capital de uma República, então nascente), São Julião prosperou rapidamente, o que lhe valeu o desmembramento do território de Cachoeira do Campo, vindo a se constituir no novo distrito, ao mesmo tempo que Engenheiro Corrêa e Santo Antônio do Leite. Em 1948 o distrito foi, oficialmente, rebatizado como Miguel Burnier. Miguel Burnier talvez tenha chegado a ser o mais desenvolvido dos distritos ouro-pretanos, até que a usina de ferro entrou em decadência, seguindo-se o encerramento de suas atividades, acompanhado da paralização e sucateamento da ferrovia.

Hoje Miguel Burnier não é nem sombra do que já foi, mas ficaram duas marcas da pujança de outrora. Na vizinha localidade de Usina Wigg, também uma estação ferroviária, está a igreja de Nossa Senhora Auxiliadora de Calastrois, infelizmente, muito deteriorada pelo abandono, e em Miguel Burnier está a magnífica igreja do Sagrado Coração de Jesus, ambas edificadas sob ordens da Sra. Alice Wigg, esposa do comendador Carlos Wigg. O interessante na segunda igreja é ser da cor da terra local. Por isso dispensa pintura. Os distritos recentemente criados são: Lavras Novas e Santo Antônio do Salto, ambos vizinhos do distrito de Santa Rita de Ouro Preto. NGB